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Biguaçu

A era da mobilidade humana

Roberto Sganzerla (*)

No dia 02 de setembro de 1666 começou, o que ficou conhecido como o grande incêndio de Londres. Ao fim de 4 dias Londres havia perdido 80% de sua área central. O fogo havia destruído 13.200 casas, 87 igrejas, inclusive a Catedral de St. Paul e 44 prédios públicos, deixando cerca de 100 mil desabrigados.

E por ironia do destino, o incêndio aconteceu 1 ano após Londres sofrer com a Peste Negra que tinha acabado de dizimar 20% de sua população. Em setembro de 1665, a peste bubônica matava 7 mil pessoas por semana na cidade. Algo que mundo recente também já viu!

Mas o fogo que consumiu, também renovou. O fogo destruiu toda aquela estrutura medieval da cidade feita de ruas estreitas, casas de madeira muito próximas umas das outras, esgotos abertos, infestação de ratos, etc. O fogo também ajudou a eliminar de uma vez o fantasma da Peste Negra, que assombrava a Inglaterra desde o século 14, e ainda estava presente no momento do grande incêndio.

Londres foi reconstruída numa cidade muito melhor. A reconstrução do centro antigo deu origem à atual
City londrina, o centro financeiro. As casas foram refeitas com tijolos e cimento e longe uma das outras. As ruas mais largas mais afastadas entre si proporcionaram uma melhor qualidade de vida.

A “reconstrução” de Londres a transformou na capital do mundo.

Guardadas as devidas proporções, o mundo recente também passou por seu “grande incêndio”, devido a pandemia do covid 19, que dizimou milhões de pessoas mundo a fora, produzindo confinamentos, lockdown etc. e o mundo e muitos setores da economia foram e estão sendo reconstruídos diferentes após a tragédia sanitária que nos assolou nestes últimos 3 anos.

O Transporte Coletivo por exemplo, assim como ocorreu com Londres, está sendo reconstruído melhor do que antes. Antes da pandemia estávamos na era da “mobilidade urbana”, agora entramos na era na Mobilidade Humana.

Mobilidade urbana é fazer uma boa gestão da operação, das linhas, horários, frota, bilhetagem eletrônica, com foco no “ir e vir” das pessoas, levando-as até aos seus destinos.

Mobilidade Humana é caminhar a segunda milha, é pôr os clientes e usuários no centro dos serviços de transporte.

Nos tempos pós-pandêmicos o Transporte coletivo toma novos contornos, que vai além de “mobilidade”.

No pós-pandemia o transporte coletivo se torna um importante indutor para a retomada econômica, geração de emprego, renda e qualidade de vida.

Quando novos terminais de ônibus, Metrô, Estações de BRT, são construídos, além de geração de empregos e renda que o investimento em infraestrutura proporciona, novos negócios e comércios surgem ao redor, todo o entorno cresce se e desenvolve, há valorização imobiliária etc.. e isto é mais do que “mobilidade” simplesmente.

Quando olhamos a proposta do presidente Joe Biden de investir US$ 2 trilhões em infraestrutura nos EUA ao longo de oito anos, o transporte público foi eleito como o setor que poderá criar empregos duradouros e verdes, construindo assim uma sociedade mais inclusiva e sustentável.

O plano Europeu não fica atrás, com 2.18 trilhões de euros investidos em infraestrutura.

No Brasil também já se pode notar uma visão diferente da classe política sobre a importância transporte coletivo. Antes da pandemia poucas capitais ofereciam subsídios ao transporte, como São Paulo, Curitiba Distrito Federal.

Hoje são mais de 300 cidades que empregam algum tipo de subsídio ao transporte, e foi a primeira vez que o Governo Federal subsidiou o transporte público, com o pacote de 2022 que incluiu a assistência aos idosos com mais de 65 anos.

Se a sociedade antes tinha alguma dúvida sobre a essencialidade do ‘transporte coletivo´ para as pessoas para a cidade, durante a pandemia esta dúvida foi sanada.

Durante a pandemia, vimos e experimentamos como o transporte público é vital para nossas cidades.

De acordo com o UITP – Infocus Eurasia Newsletter, com o terrível e trágico terremoto de 6 de fevereiro de 2023 na Turquia e na Síria, veículos de transporte público realizaram tarefas vitais durante o período de socorro. Vimos ônibus, bondes, trens de passageiros e balsas sendo usadas como acomodações, hospitais, bibliotecas e outras necessidades sociais, e percebemos novamente a função vital do transporte público e sua prontidão para situações emergenciais. Este é mais um aspecto da Mobilidade Humana.

Aliás o Transporte coletivo é ESSENCIAL para as 5 áreas fundamentais da vida em COLETIVIDADE: essencial para saúde, trabalho, educação, sustentabilidade e diversidade (para todos).

Portanto podemos concluir que:

  • Mobilidade “humana” é mais que “urbana”, é caminhar a segunda milha, é pôr os clientes e usuários no centro dos serviços de transporte.
  • Hoje a MOBILIDADE assume novos atributos além do “ir e vir”, e se torna um importante indutor de retomada econômica, geração de emprego, renda e qualidade de vida, proporcionado assim uma Mobilidade inclusiva, social e HUMANA.
  • A Era da Mobilidade Humana se torna ainda mais oportuna para a promoção, incentivo e valorização do Transporte Coletivo.
  • Assim como que ocorreu com Londres por ocasião do grande incêndio 1666, o Transporte Coletivo está sendo reconstruído ainda MELHOR.

Fonte: Revista Technibus – Edição Digital Nº 163

(*) Especialista em Marketing de Transportes e Mobilidade Urbana, mestrado em Liderança pela Andrews University
– Berrien Springs, MI – USA, MBA em Gestão de Negócios e Liderança e Pós-Graduação em Marketing

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