Na avaliação da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), é preciso frear a expansão do transporte individual e fortalecer o transporte coletivo
Segundo dados da pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana 2024, os deslocamentos por carros e motos ultrapassaram pela primeira vez os realizados por ônibus, em algumas capitais. Na avaliação da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), é preciso frear esse avanço e promover uma transição que vá além da questão energética. Trata-se de uma transição modal, que reposicione o transporte coletivo como eixo central do planejamento urbano.
“Defendemos que o transporte coletivo seja o modo preferencial de deslocamento, ultrapassando 50% das viagens motorizadas na matriz de mobilidade urbana. Se o transporte individual avançar acima disso, o risco real de colapso no trânsito e na qualidade de vida urbana fica iminente”, afirmou Edmundo Carvalho Pinheiro, novo presidente do Conselho Diretor da NTU.
Nesse sentido, a NTU busca a recuperação integral da demanda de passageiros registrada antes da pandemia, investindo na ampliação da oferta de serviços, conforto, segurança e eficiência. A entidade também defende o fortalecimento das empresas operadoras por meio de contratos equilibrados do ponto de vista econômico-financeiro, que considerem a separação entre tarifa pública e tarifa técnica (que cobre os custos da operação), além da necessidade de políticas públicas que desonerem o impacto das gratuidades, hoje responsáveis por 22% do custo médio das tarifas do setor.
A entidade reforça ainda a adoção de subsídios públicos aos passageiros pagantes como uma política permanente para assegurar tarifas públicas mais acessíveis. Atualmente, existem 395 cidades que têm subsídio para o transporte coletivo, mas apenas 148 adotam a separação tarifária, prevista na Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU). Segundo o IBGE, o Brasil possui 2.703 municípios atendidos por serviços organizados de transporte público por ônibus.
Outro eixo de atuação da nova gestão da NTU será o estímulo à aquisição de novos veículos, com metas que retomem os volumes históricos das frotas de ônibus e promovam a modernização do serviço. “A meta é superar 13 mil ônibus adquiridos por ano no transporte coletivo das cidades brasileiras, aproveitando a capacidade instalada da indústria nacional”, explicou Edmundo Pinheiro.
Por fim, a NTU sugere, no campo da infraestrutura, a ampliação do tratamento preferencial ao transporte coletivo nas vias arteriais das cidades – principais eixos de ligação nas regiões urbanas – garantindo maior fluidez, integração e atratividade ao sistema.
“O transporte público não é uma responsabilidade de um, é um compromisso de todos. Promovê-lo é promover o direito à cidade. Defendê-lo é defender o equilíbrio urbano, a inclusão social e a sustentabilidade”, destacou Pinheiro.